"Despedidas são assim,
com cara de chuva que inunda,
com cara de noite que tira luz,
com cara de perda do que nunca se teve...
Vêm, apenas vêm..
tira de nós algo de brilho,
algo de bom..
algo de nosso, algo de alguém..
apenas vem..
Despedidas doem,
arrebatam a alma,
trazem à tona tristeza..
a lágrima aflora...
O peito estoura,
Num combinar fúnebre...
No véu do não mais olhar...
Seja lá que despedida for,
só conheço uma boa:
a despedida da tristeza..
Mas essa a alegria cobre...
nem se vê como despedida..
inundada pelo bem-estar,
o bem querer de ter a vida..
e, na vida, a felicidade..
Despedidas,
dos que vão por ciclo natural da vida..
dos que vão por opção,
dos que têm que ir...
dos que a vida distanciam,
por tudo que reside nela..
pela hora errada,
pela situação errada..
na vontade suprimida em cada um..
Mas, se tem que ter despedidas,
tchau, enfim...
Alguém sai da sala de nossas vidas..."
Terça passada foi um dia de despedida. Encerramos nossas aulas na Comunidade de Novo Palmares e nossa presença física na vida de Dona M.
E como é ruim dizer adeus!
Digo presença física, porque acho que no fundo estaremos sempre presente na vida daquela senhora tão humilde e simpática.
Entramos em sua casa numa tarefa de aula, e a ajudamos a descobrir um problema de hipertensão que agora ela não desconfiava ter.
Muito mais do que o médico que prescreve remédios, nós como alunas, estivemos presentes para escutar as aflições, para incentivá-la a buscar ajuda e prosseguir o tratamento.
Lembro de ter reforçado inúmeras vezes que ela só sentia-se bem no momento, pois estava se tratando, que não poderia deixar de se cuidar, já que era isso que a mantinha saudável. (Aquela história do paciente que só se trata quando está mal)
Dona M. disse que sentiria a nossa falta, que não queria que fôssemos embora e nos pediu para voltar.
Ao mesmo tempo que é maravilhoso escutar uma pessoa falando isso tão espontaneamente e com tanta sinceridade, como é dói ter que se despedir.
O que fica registrado com certeza é o bem que conseguimos fazer para a nossa primeira paciente. Inesquecível!
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