terça-feira, 26 de outubro de 2010

Alegria. Carinho. Compaixão.

Acho que essas três palavras definem bem o dia de hoje.


Sempre gostei muito de lidar com crianças, e hoje foi um desses momentos de realização plena.
Após o treinamento de semana passada, fomos a creche de Novo Palmares.

Entramos meio perdidas (éramos um grupo de 6 meninas) em uma sala com 17 pessoinhas que nos olhavam com aquele olhar que mistura curiosidade, dúvida e um pouco de vergonha.


Passou rápido.
De repente quando me vi, estava cercada por uma roda de crianças, ávidas por atenção.

Tentamos ler um livrinho, mas isso foi rapidamente descartado. Eles precisavam na verdade de pessoas para conversar. Queriam mostrar o desenho do short, a florzinha na blusa, o bandeira do Brasil do chinelo.Nessa hora, eles competiam por nossa atenção. Faziam de tudo para que olhássemos para eles. As meninas sentavam no meu colo, e perguntavam-me coisas.



E quando menos esperava, uma das crianças se levantou e me deu um beijo. Pronto! Todos queriam me beijar e me abraçar. Que sensação maravilhosa! Era uma expressão de ternura, um carinho tão sincero. Falei para eles que ia chorar de tão feliz que estava, e era assim que me sentia.

Trabalhar com crianças traz essa recompensa imediata. Apenas por estarmos lá brincando e escutando-os, eles já sentem e fazem questão de demonstrar o quanto gostam da nossa presença ali.
E pedidos para não ir embora? Foram muitos! Surgiu uma vontade muito grande de voltar, de fazer diferença na vida daquelas crianças.



Minha assistente e meu primeiro beijoqueiro






Na minha vez de ajudar na pesagem, ganhei uma assistente. Uma menininha colou em mim e não saia mais do meu lado. Passou a ensinar todos os amiguinhos a como devia se posicionar corretamente, a colocar a mão na "barriguinha".

Para a despedida, ganhei beijos e abraços de todos. Impressionante como eles faziam questão absoluta desse contato. E eu também, é claro! Eles passam uma energia muito boa. Sai da creche "mais leve" e querendo muito mais.

Quando voltamos?

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Terceiro dia... DONA M.!

Dona Maria foi a nossa primeira paciente de verdade, e involuntariamente isso a torna muito especial.
Já chegando a sua casa, a primeira pergunta: "Dona M., e o olho? Foi no posto?"
E ela tinha ido! Logo no dia seguinte da nossa visita.
Temos um caso de catarata, e ela já perdeu a visão total em um dos olhos. É muito triste, mas ressaltamos muito que ela precisava agora cuidar direito do outro. Não deixar nada acontecer com ele.

Nesse dia fomos acompanhadas de um aluno do internato, o Pedro.
Ele foi conosco, a princípio para acompanhar, mas acabou nos ensinando bastante.
Falou um pouquinho sobre a catarata e nos ensinou a aferir pressão.

Aí recebemos uma surpresa muito negativa.
Dona M. que se declarava dona de uma pressão baixa, estava com uma pressão altíssima.
Como poderia ser momentânea, Pedro logo aconselhou-a a procurá-lo novamente no posto no dia seguinte.
E ficamos sabendo depois o diagnóstico.... Dona M. é hipertensa e não sabia!

É um alívio e ao mesmo tempo uma tristeza. A doença é sempre negativa, mas demos muita sorte de por acaso estarmos com Pedro, e por acaso termos levado o aparelho de pressão. Quanto mais cedo o diagnóstico, mais fácil o controle.

Agora, nos cabe insistir no tratamento com Dona M., e tentar mudar um pouquinho hábitos alimentares, para ajudar a controlar a hipertensão.

Terceiro dia... M.!

Essa nova visita foi um dia emocionante.

Diante do "probleminha" de M., bem comum entre os meninos dessa idade, tínhamos decidido na outra semana levar uma escova de dente e pasta, e assim fizemos.
A espectativa foi grande, queríamos muito que ele gostasse e se empolgasse com a idéia.



Logo quando chegamos, lá estava M. tentando se esconder, ainda estava muito tímido conosco.
Contamos que estávamos com um presente, e ele não acreditava e não queria aparecer. E. e Dona M. ficavam rindo, e nós duas também no final das contas.
Por fim, E. o convenceu e ele recebeu o presente e saiu correndo para o quarto para escovar seu dente!
Que sensação maravilhosa! Espectativas plenamente cumpridas.
Aquele rostinho de felicidade trouxe uma muito grande para mim também. É muito bom saber que podemos trazer essa alegria para alguém mesmo com tão pouco. E foi muito gratificante também ver a reação da mãe e avó daquele garotinho tão contentes por ver que há quem se importe com eles.


Depois da visita levamos M. e E. para o PSF. No escovário, M. virou a sensação do pessoal, mostrando para todo mundo como deveria se escovar os dentinhos.
Tirou fotos, se divertiu, e trouxe para a gente a sensação de dever cumprido.



 Próximo passo, combinamos que levaríamos uma nova pasta com sabor de frutas caso ele continuasse se comportando bem e escovando os dentes direito.